segunda-feira, 12 de junho de 2017

A vida não é um livro de autoajuda


Tenho observado o quanto a minha pilha de livros cresceu e na quantidade de conteúdos motivacionais, zen, good vibes, “mara”, filosóficos e reflexivos tem por aí e que eu mesma sigo fielmente. Como que essa onda pode afetar as nossas vidas?

Estamos numa busca desesperada por felicidade, somos uma geração depressiva, todo esse conteúdo nos diz para buscarmos proposito, largue seu emprego, dinheiro não é importante mais não deixe de viajar, comer fora com frequência, comprar livros e ir a palestras, acorde cedo, faça exercícios, alimentação orgânica, faça seu mapa astral, saia das redes sociais, mais não deixe de acompanhar o meu conteúdo vibes. Isso é tudo muito confuso e contraditório, a impressão que fica é que se não fizermos tudo isso ao mesmo tempo a nossa vida vira um enorme fracasso. Acredito que buscamos desesperadamente esse tipo de informação para preenchermos o nosso vazio existencial, a gente fica sempre esperando aquela frase de efeito, aquela nova técnica que vai ser um click que irá mostrar qual o nosso caminho e função nesse mundão, outro dia eu me peguei assistindo um vídeo de um cara ensinando como respirar, cara, isso é sério?



Lá atrás numa realidade não tão distante assim, uma vida bem-sucedida era arrumar um marido, ter filhos, uma profissão e uma casa própria e almoçar fora umas 2 vezes no ano, hoje com esse turbilhão de informações que recebemos diariamente as possibilidades se expandirão de uma forma tão frenética que uma vida pacata dessas mataria alguns de nós de tédio.  Com a influência das redes sociais eu não sei mais se gosto tanto assim de viajar ou se eu só quero ir a lugares tirar uma porção de fotos e estacionar no lugar mais próximo onde tenha wifi grátis.

Não me entenda mal eu amo uma auto ajuda, tenho uma dezena de livros para ler e mais uma lista consideravelmente longa dos que quero comprar mais essa busca pelo perfeito equilíbrio não me parece saudável ou alcançável, um dos últimos fenômenos nesse tipo de literatura é a
Marie Kondo, quando terminei de ler o livro dessa mulher eu joguei mais da metade das minhas coisas no lixo ou doei, no final das contas eu não tinha mais nada pra vestir e tive que ir as compras, um ano depois dessa revolução já recuperei o triplo do que havia me desfeito, ou seja, o que funciona pra uns não funciona para outros, não existe uma receita perfeita de bolo que vai solucionar todos os problemas da vida, é inclusive altamente perigoso esse tipo de conteúdo para algumas pessoas, imagine o quanto pode ser frustrante para alguém que trabalha um mês inteiro para sustentar a casa e a família assistir um vídeo motivacional de um cara falando largue seu emprego e trabalhe 4 horas por semana, busque propósito, onde está a possibilidade dessa pessoa mudar a vida da noite pro dia? A verdade é que maioria dessas histórias de sucesso acontece para uma pequena parcela privilegiada, a maioria de nós tem que dar muito duro para ter pequenos e não menos importantes prazeres diários, e tá tudo bem, não tem nada de errado nisso. Você não é um fracasso se o seu guarda roupa não for minimalista e a sua casa estiver bagunçada, não é um fracasso se não leu todos os livros do Osho, não medita e faz yoga 2 vezes ao dia, não existe formula certa para uma vida bem sucedida, porque afinal de contas o que é uma vida bem sucedida?



A grande armadilha da autoajuda é ficar inerte absorvendo mais e mais conteúdo e esquecer de viver na pratica, de viver o que é real e definir o que de fato importa, é legal ter alguns exemplos e dicas de coisas que deram certas para outras pessoas, mais isso não deve virar verdade absoluta na vida de ninguém, até porque não acredito que seja possível viver esse perfeito equilíbrio. Mas enfim, vou indo porque como disse ainda tenho muitos livros pra ler...

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